Dois jovens fumavam um baseado, daqueles bem fininhos, sossegados, ao som da música, ou do vídeo preferido no celular, debaixo de um toldo, numa rua em que a violência se esconde nas sombras da sobra de uma precária iluminação pública. Quando surge pela frente a sei-lá-os-motivos detonando o flagrante, ameaçando com o indicador em riste a face de um dos porquê-motivos.
Saio da janela, ligo a televisão e assisto a mais um fato de corrupção apresentado por apresentáveis jornalistas, que de quebra informam que os vereadores aumentaram os próprios salários.
Desligo a Tv e continuo na observação do flagrante. Que flagrante? É só um baseado. E baseado em motivos, quem explica?
Tentei entender a sei-lá-os-motivos, talvez fosse preocupação de mãe, toda aquela ira. Claro. Tanto pavor muralha o conhecimento, e não podemos esquecer o tal crime organizado.
Talvez falte contato, com abraço, ou um aperto de mão; olhos nos olhos. Já reparou como corremos contra o tempo? O pior: em coletividade. É; o porquê-motivos já nasceu disputando sua presença com os problemas que não eram dele, simplesmente os herdou dos que eram o futuro da nação; e esses tinham contato.
Queria um terraço, não uma caixa de tarja preta para enxergar o colorido através de cápsulas ou de gotas. Ainda bem que me resta a janela, embora eu não observe o céu.
3 comentários:
A maioria das pessoas observam apáticas do mesmo canto da 'janela', você não. Você usa a janela para definir o grito, o tom...
E não olha para o céu pois o que vês desta janela cansa as vistas e a alma.
Mas és guerreiro das letras, das intervenções, da oratória...Então meu amigo pensante, olhe para o céu, pois assim não te sentirás sufocado e impotente diante do que vês das tuas janelas "definidoras" de escritos.
Amplie cada vez mais tuas mensagens, alce vôo.
Quem sabe a partir destas leituras as janelas tarjas pretas e baseados não ficam coloridas e libertas?
A esperança é a última q morre....
Os "porquê-motivos" acreditam que a felicidade é um estado de plenitude e que pode ser comprado. Fomos nós que ensinamos isso para eles. A felicidade pode estar em um baseado, em uma pílula milagrosa ou na capacidade e no direito de "fazer todo o possível para ser feliz". Acho que a gente via o céu, mas como na época ele era distante (e até perigoso de tocar), preferimos as janelas. E depois, perdemos a coragem de dar coragem para as gerações posteriores. Deixamos os utilitaristas darem o seu o recado. Ok... Toda geração erra... Só acho que talvez devêssemos ser mais enfáticos e abrir algumas clarabóias no telhado sem medo dos eventuais granizos. Sempre que chove eu penso em clarabóias... Meu telhado é fechado e sempre tenho goteiras... Com clarabóias eu pelo menos veria a chuva. Estou cogitando....
As vezes fico a pensar se em uma sociedade não menos corrupta quando comparada a tantas outras ditas desenvolvidas seriamos capazes de resgatar a sociedade onde as pessoas tinham caráter e respeito. A corrupção e o abandono de nossas ruas pelas instituições públicas nos deixam dia a dia a mercê de um bando de calhordas que nos fazem dispensar forças com o mínimo, enquanto deixamos de lado todos aqueles que morrem diariamente por falta das verbas que foram desviadas dos hospitais.
Você caro amigo, é um desabafo em uma sociedade que peca pela opacidade espontânea em suas retinas.
Afinal, quem não se preocupa sofre menos......
Um abraço
Peluxo !!!!
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