quarta-feira, 14 de março de 2018

Muito mais que um ponto na curva; tudo é uma reta de absurdos sem pausa para a poesia


Estou aqui, ouvindo Miss Sarajevo com U2 e o tenor Luciano Pavaroti. Essa balada surgiu em 1995 (U2 e Brian Eno), pegando os retalhos do cerco a Sarajevo por tropas da Sérvia, após a declaração de independência da Bósnia, ocorrida em 1 de março de 1992, e o concurso Miss Sarajevo que dá nome a canção. O cerco de Sarajevo por tropas sérvias é considerado o mais longo a uma cidade na era moderna. Teve início em 5 de abril de 1992, encerrando em 29 de fevereiro de 1996. O Concurso de Miss, teve a finalidade de trazer os olhos do mundo para os horrores dessa guerra. Essa canção que pega emprestado o nome do concurso tem uma musicalidade que ultrapassa as fronteiras das línguas e das religiões. A mistura da suave voz do Bono Vox, com a trovejante e maravilhosa voz do Luciano Pavaroti, as instrumentalidades do arranjo, eleva-nos a patamares intangíveis conscientemente, trazendo quase a libertação do espírito, tamanha leveza que essa canção consegue produzir, embora com tudo, inspirada na dor.
O HORROR SARAJEVO

Coincidentemente, enquanto ouvia Miss Sarajevo, saltou na tela a informação de que empresa brasileira está ganhando dinheiro com guerras fabricadas para saquear nações, vendendo bombas de fragmentação (cluster), lá no rico, porém, miserável Iêmen. Por segundos desejei que meu espirito alçasse sua libertação, mas seria covardia com minhas ideias. Tantos horrores para que um número reduzido de viajantes da Nave Terra tenha dinheiro, poder, petróleo. A guerra civil no Iêmen, na Síria e a do Líbano, alguém duvida que são fabricadas? Olhe para esses países no mapa, pense no petróleo e sua logística de transporte, na água que daria à Líbia produzir e exportar alimento para todo o Continente Africano... e bingo! Encontrará, não as bombas de destruição em massa que alegavam possuir o agora destruído Iraque de Sadan Hussein, mas as respostas para tantas guerras, em um mundo que sobra tecnologias de tradução de línguas e dialetos.

CIVIS FERIDOS NO IÊMEN
Segundo o relatório da Handicap Internacional, 98% dasvítimas deixadas pelas bombas de fragmentação são civis. E não é de agora que bombas fabricadas no Brasil estão matando civis no Iêmen, a bola da vez na geopolítica do petróleo. O jornal O Globo em dezembro de 2016 noticiou que bombas de fragmentação produzida no Brasil atingiram as proximidades de duas escolas na cidade de Saada. O Brasil, não é signatário do Tratado de Dublin, originado na Convenção de Oslo, quando cento e onze países manifestaram apoio a proibição de uso, fabricação, armazenamento e transferência de bombas de fragmentação, a qual teve laboratório na Alemanha de Hitler, então batizada de Sprengbombe Dickwandig; a arma foi a primeira bomba “cluster”, ou bomba de dispersão que causou pânico e terror durante os bombardeios da Luftwaffe, a força aérea do Terceiro Reich, sobre o Reino Unido na 2ª Guerra Mundial.

CRIANÇAS - AS PRINCIPAIS VITIMAS
Alguns vão dizer: O Brasil não pode aderir ao tratado de Dublin. Guerras, dependendo do ponto de vista, podem ser altamente lucrativas; o país não pode ficar de fora desse mercado. Se não for o Brasil, serão outros que fabricarão e venderão. Já outros, creio que a maioria, não aceitam esse mercado da morte, do saque às nações pós fabricação dos conflitos, pois consideram à perda de vidas inocentes. As bombas de fragmentação na prática, tem o mesmo poder de destruição das armas químicas, já que seu fundamento é estilo contêiner, pois a primeira explosão é a de lançamento, e ao se aproximar do solo, ocorre uma segunda explosão, a qual é capaz de espalhar “micro bombas” em área próxima de 30.000 m²; as vezes essa segunda explosão não ocorre, tornando seus impactos semelhantes aos de minas terrestres, artefato proibido em mais de 150 países pelo tratado de Otawwa (1997), o qual entrou em vigor no Brasil em 1999.

Em vez de exportar bombas que matam civis, inclusive crianças mundo afora, queria ver o Brasil exportando esperança, mas até ela anda sumida em nosso país. Dizem que ela foi abduzida, e só volta quando sentir esperança por dias melhores.  

Seu candidato a presidente tem a coragem que o povo brasileiro necessita?

Eis que no Brasil golpeado por traidores, surge como salvação da pátria roubada a proposta de ampliação de escolas militares. Vão espalha...