Dois jovens fumavam um baseado, daqueles bem fininhos, sossegados, ao som da música, ou do vídeo preferido no celular, debaixo de um toldo, numa rua em que a violência se esconde nas sombras da sobra de uma precária iluminação pública. Quando surge pela frente a sei-lá-os-motivos detonando o flagrante, ameaçando com o indicador em riste a face de um dos porquê-motivos.
Saio da janela, ligo a televisão e assisto a mais um fato de corrupção apresentado por apresentáveis jornalistas, que de quebra informam que os vereadores aumentaram os próprios salários.
Desligo a Tv e continuo na observação do flagrante. Que flagrante? É só um baseado. E baseado em motivos, quem explica?
Tentei entender a sei-lá-os-motivos, talvez fosse preocupação de mãe, toda aquela ira. Claro. Tanto pavor muralha o conhecimento, e não podemos esquecer o tal crime organizado.
Talvez falte contato, com abraço, ou um aperto de mão; olhos nos olhos. Já reparou como corremos contra o tempo? O pior: em coletividade. É; o porquê-motivos já nasceu disputando sua presença com os problemas que não eram dele, simplesmente os herdou dos que eram o futuro da nação; e esses tinham contato.
Queria um terraço, não uma caixa de tarja preta para enxergar o colorido através de cápsulas ou de gotas. Ainda bem que me resta a janela, embora eu não observe o céu.