sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

O desrespeito à história dos catraieros capixabas


Catraia, segundo o dicionários Houaiss significa embarcação miúda e robusta , de duas proas para serviço nos portos, praticagem e pesca. Aqui na capital do pré-sal, Vitória-ES, catraia remete ao transporte feitos na travessia do continente Vila Velha à Ilha de Vitória (capital-ES) desde a década de 60, segundo os mais antigos, a atividade tem como básico, não só braços fortes, mas sobretudo, o conhecimento do movimento das marés.

Há registro de atividade de catraia no início do século XIX, quando a dinâmica econômica das cidades e povoados costeiros eram abastecidos, pelos catraieiros, alguns vindos de bem longe trazendo frutas, verduras e carne animal. A construção de todas as instalações portuárias na costa brasileira também contou com essa importante atividade, que alguns chegam a arriscar ser a primeira atividade econômica individual nos mares brasileiros.

Contudo, o desenvolvimento globalizado, embora no passado necessitou dos braços dos pequenos caiçaras que fizeram da atividade de catraia seu sustento, hoje enxergam os pequenos barcos como entraves do progresso. Aqui no Espírito Santo a administração da Codesa (PSB/PT) tratou de dificultar essa importante e cultural atividade. Da noite para o dia, instalaram bóias ligadas em cabos de aços, delimitando a área de atuação de catraia; e sem discutir com os catraieiros escolheram um local que para embarque e desembarque na capital que dependendo da maré (correnteza) quase que quadruplica o esforço na travessia.

Para piorar, a situação da atividade dos catraieiros, o atracamento em Paul está cada vez mais dificultado; tomaram uma rua, em “troca” de uma passarela com sua estrutura exposta sendo corroída pela ações da maresia. Corrosão que já se anuncia na nova e frágil estrutura instalada pelos ditadores do progresso, no lado de Vitória. Isso tudo, sob o silêncio da mídia comercial capixaba, que não houve os gritos de uma atividade raiz de mobilidade, ligando o continente à ilha capital; atividade que transporta em média diariamente 800 passageiros, os quais se encontram livres da imobilidade dos transportes públicos sobre rodas, agregando em seus deslocamentos de ida e volta a necessária qualidade de vida, cada vez mais precária face à políticas de desenvolvimentos não sustentáveis do ponto de vista ambiental.

Pelo que se observa na ampliação da área portuária, tanto do lado de Paul/Argolas (continente), quanto da área localizada na ilha-capital, podemos supor que o extinto sistema de transporte aquaviário utilizando o amplo espelho d’água talvez tivesse nascido com certidão de óbito pré-estabelecida.

Abaixo curta o espetacular vídeo documentário realizado em 2007:

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