Tem dias em que mesmo após abrir os
olhos e fazer um lento espreguiçar, todo o meu corpo implora para não sair da
cama, talvez para adiar o meu encontro com a manada de boçais que recheiam a
rotina da minoria desperta.
Algumas vezes a energia para levantar é
antecipar o assassinato do dia; pensando na noite, o retorno, o abrir da cela
da doce prisão de sonhos depois da aceleração do dia.
Na prisão busco o clic do sono. Reluto
com fantasmas variados até conseguir fechar os olhos, até então perdidos no
finito teto de meu quarto pintado em branco-gelo, buscando, ainda abertos
sonhar; imaginando ser o teto que paira sobre meu corpo estirado na cama uma
gigantesca tela da vida.
O sono, face à ansiedade foge. Meus
olhos inquietantes e cerrados correm de um lado para outro, buscando ao menos
sonhos em preto e branco, mas se perdem no vazio do teto; até que novamente o
sol dribla a escuridão e vem me avisar que um novo dia chegou.
Saúdo o sol, mas também saúdo os boçais
que cruzam meu caminho, pois sei que eles são uma bússola danificada, com
serventia apenas para a manada sem rumo, a qual, sequer, entre milhares,
imagina que viemos feito para acabar.
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