Dias desses, no interior de
um ônibus, vi um menino indagando o pai sobre heróis. Em uma das frações do
diálogo o menino perguntou ao pai se no Brasil tinha algum herói para vencer o
Homem de Ferro? Aparentemente, o pai, para não contrariar o filho, encheu a
bola do tal Homem de Ferro; como um especialista em HQ esmiuçou todos os seus super
poderes tornando o herói imbatível. E vi no menino um certo brilho de júbilo,
talvez por ter em casa vários bonecos do imbatível herói.
A cena trouxe-me certa
perturbação... Será que não temos heróis no Brasil para apresentar as futuras
gerações? Como estamos na semana da Consciência Negra, vamos a um breve resgate:
A Revolta da Chibata e nosso brasileiro herói João Cândido Felisberto, o
Almirante Negro e a marujada negra dos encouraçados Minas Gerias e São Paulo.
O Brasil no auge do ciclo da
borracha e do café investia pesado no fortalecimento da esquadra brasileira, mas
faltavam marujos para fazer o trabalho da ralé. A Revolta da Chibata, acredito,
seja o divisor de água da Marinha de Guerra do Brasil. Não fosse ela, a
marujada, comandada por oficiais oriundos somente da aristocracia, até os dias
de hoje seria capturada a força nos guetos e prisões desse Brasil e confinados
em prisões flutuantes “doutrinados” pelo açoite da chibata.
A chibata era “herança”
portuguesa nas forças armadas. A marinha de outros países e até o exército
brasileiro já tinha abolido a prática da chibata como castigo disciplinar.
Foram inúmeras as tentativas de eliminar esse aviltante castigo. Em 1865 a
Câmara dos deputados apresentou um projeto que sugeria a substituição do
castigo físico por descontos no soldo, mas a Marinha do Brasil não aceitou.
Em 1883 um novo pedido foi
feito, fixando em 25 chibatadas o castigo. Com a República em 1889, um dos
primeiro atos do governo foi abolir a chibata, mas a abolição ficou só no
papel. O fim do castigo só veio em 1910 com a revolta dos marinheiros. O estopim foi
a aplicação de 250 chibatadas no marujo Marcelino Rodrigues.
Salve João Cândido e Francisco
Dias Martins, o Mão Negra! Salve, salve o jangadeiro Francisco José do
Nascimento, o Dragão do Mar! Salve Chico Prego! Salve Anastácia e Antonio
Francisco Lisboa, o Aleijadinho! Salve Solano Trindade, André Rebouças e tantos
heróis e heroínas que deram razão à vida pela dignidade humana.
2 comentários:
Me fez lembrar de um herói capixaba, qual foi, Bernardo José dos Santos, o "Caboclo Bernardo", que chegou a receber uma medalha de honra ao mérito da Princesa Isabel.
Segue abaixo o link para o artigo que comentei com você sobre Kim e João, ótimo para uma reflexão político-econômica.
http://ricamconsultoria.com.br/news/artigos/palestra_economia_brasil_coreia_do_sul
Leandro, muito bem lembrada a memória desse fantástico caboclo. Valeu. Abração
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