Recentemente, por conta da careta
do Willian Bonner noticiando “baderna” dos usuários de transporte sobre trilhos
na cidade do Rio de Janeiro e contidos pelas balas de borracha da policia
militar; por duvidar da forma em que o conteúdo foi abordado, iniciei uma rápida
pesquisa sobre o sistema de mobilidade da Cidade Maravilhosa.
A dúvida sobre os trejeitos
do apresentador âncora do Jornal Nacional, não ocorreu por conta de seu
histórico de caras e caretas apresentando o JN, mas pela raiz histórica da
emissora-empresa que negou As Diretas Já ao povo brasileiro. As imagens mostraram
além dos disparos de bombas e balas de borracha, o sucateamento da frota e da
malha ferroviária fluminense, há tempos sob concessão da Supervia.
Sua fala, Willian,
propositalmente esqueceu do histórico. Mas tinha imagens. Vai dizer que você
não observou que os trens apresentavam sinais de sucateamento agudo? E a malha
ferroviária em caos total, pedaços de trilhos indicando lugar algum, você viu?
Claro que você arrumaria um jeito de colocar a culpa nos meliantes que roubam
fios nas ferrovias. Espero que tenha acordado cedo para assistir ao Chico
Pinheiro dando seu show de conhecimento das necessidades históricas das massas no
Bom dia Brasil.
Imagine Bonner sair de casa
cedinho para trabalhar, aliás, de madrugada. Disputar espaço entre cotovelos e sovacos,
lembrado de não levantar um dos pés para coçar a perna, pois não encontrará
espaço para retorno. E a volta? Imagine sair do trabalho sem previsão de chegar
ao lar. O desconforto por conta das
superlotações nos vários moldais privados concessionários, acredito, o povo há
anos vêm tirando de letra. O problema é a insegurança de cumprimento de horário
somada à dependência da gestão pública cegada na visão privada de exploração de
um serviço essencialmente social, e que deveria estar ligado a outros meios
alternativos.
A revolta nos trens do Rio
sinaliza pedido de socorro às gestões públicas. Pedido não só ao poder executivo,
mas aos demais. O histórico de concessão da malha ferroviária carioca para a
Supervia, vai até o ano 2048. Prorrogação feita pelo governo de Cabral (PMDB)
no final de novembro de 2010, e que só contará a partir de 2023, quando termina
a concessão feita em 1998 pelo governo de Marcello Alencar (PSDB). Até lá
muitas revoltosas badernas ao som de tiros de bala de borracha surgirão, e as
melhorias ficarão para uma nova concessão, sob o silêncio do legislativo, e
claro, do judiciário; prevalecendo a verdade na convicta careta do Willian
Bonner anunciando mais um ato de vandalismo diante de um cenário cada vez mais
laboratório de revoltas populares.
Sabe Willian, às vezes penso
que tudo não passa de uma sinfonia orquestrada para os rombos do PAC da Copa,
que por tabela vai privatizando em forma de concessão serviços públicos
essenciais; a maioria de responsabilidade do Estado que há décadas deu às
costas para as necessidades básicas da população, como o direito a um serviço
de transporte público com conforto, segurança, e claro, pontualidade.
O povo fluminense aguarda para que os 30 novos trens da China subam nos trilhos, assim como a concessionária Supervia aguarda pelo BNDES o financiamento de R$800 milhões, representando 65% do total de R$1,24 bilhão que a companhia se comprometeu investir até 2020.
O povo fluminense aguarda para que os 30 novos trens da China subam nos trilhos, assim como a concessionária Supervia aguarda pelo BNDES o financiamento de R$800 milhões, representando 65% do total de R$1,24 bilhão que a companhia se comprometeu investir até 2020.
Um comentário:
Show de lucidez cavaleiro andante. Ainda esta à busca da amada Dulcinea?
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