Algo que não suporto,
principalmente nesses tempos de fértil produção de canais alternativos de
mídia, é o casal que apresenta o jornal Nacional, o William Bonner e a Fátima
Bernardes. Por mais que façam caras e bocas, eles não conseguem esconder o lado.
Repare que em algumas matérias de interesse coletivo, por exemplo, as que tratam de acidentes
ambientais em países subdesenvolvidos, raramente são abordadas pelo casal do JN
os responsáveis. As poucas noticiadas ocultam os sujeitos, ou seja, as empresas
que negligenciam os cuidados com a segurança, ou mesmo os países que exploram
os recursos naturais da “sua” neocolônia; mas se a empresa for uma estatal
brasileira, é manchete na certa.
Muitas das vezes chego a
pensar que parte da “grande mídia” brasileira está a serviço dessa rapinagem, promovida por uma estrutura global que
subjugam povos indefesos em prol de uma minoria dominante que suga as últimas
gotas de vida de nosso planeta.
Referente ao grave
acidente ambiental ocorrido em Nairóbi, capital do Quênia, noticiado na edição do
último dia 12 de setembro, o casal do JN, como de costume se esqueceu de abordar que mais de 100
empresas americanas atuam no país, e que parte da economia queniana está
sob o controle britânico, paralelo à redução da participação estatal na
economia, mediante a uma agressiva política de privatizações. E ainda querem
iludir o povo para ir contra a importante proposta de Controle de Conteúdo da Mídia, em
especial nos canais abertos que são concessões públicas; mentindo para o povo que
o necessário controle seria uma espécie de censura. A Rede Globo, por
acaso, já fez alguma campanha para abertura dos arquivos da ditadura? Como se
comportou ela e tantos outros veículos de comunicação na época dos anos de
chumbo, ou mesmo sobre os graves acidentes ambientais ocorridos por ação de grande empresas estrangeiras? É só um flash de reportagem. Quem viu, viu. Quem não viu, vai saber tudo de futebol ou de carnaval.
Como pode um canal de
comunicação, concedido pelo Estado, que se diz a favor da liberdade de
expressão e de pensamento, ocultar as graves transformações por que passa o
Quênia, e propriamente, o ainda eternamente explorado continente africano?
Sobre o episódio da explosão dos dutos, deu para perceber que infiltraram sublinarmente
na notícia a ideia de que o grave acidente ocorreu por conta dos saques da
faminta população ao combustível que seguia para exportação. O JN “esqueceu” de
noticiar esse “rascunho da história” e quer ter credibilidade.
A classe média queniana sumiu
mediante ao crescimento da pobreza em contraste em um país que apresenta os
melhores índices de desenvolvimento no Continente. Bairros pobres da
capital Nairóbi atravessam condições semelhantes às de uma guerra civil. No caso
do rompimento dos dutos, possivelmente as causas estão enraizadas na
exploração estrangeira dos recursos naturais do Quênia, mas o casal global só noticiou os efeitos, sublinhando a culpa no povo que
"saqueava" o combustível que vazou, sequer abordou a contaminação do solo.
Enfim: Resista, exista!
Não assista a “plim-plim”.
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