Algo que não mais suporto, principalmente nesses tempos de fértil produção de canais alternativos de mídia, é o casal que apresenta o jornal Nacional, o William Bonner e a Fátima Bernardes.
Por mais que façam caras e bocas, eles não conseguem esconder o lado.
Repare que a abordagem de algumas matérias de
interesse coletivo, por exemplo, as que tratam de acidentes ambientais em
países subdesenvolvidos, raramente são abordadas pelo casal do JN. No entanto, as poucas noticiadas ocultam os sujeitos, ou seja, as empresas que
negligenciam os cuidados com a segurança ou mesmo os países que exploram
os recursos naturais da neocolônia; mas se a empresa for uma estatal brasileira, é manchete na certa.
O grave acidente ambiental ocorrido em Nairóbi, capital do Quênia, na edição do último dia 12 de setembro, o casal se esqueceu de
abordar que mais de 100 empresas americanas atuam no país e que parte de sua
economia está sob o controle britânico, paralelo a redução da participação
estatal na economia, mediante a uma agressiva política de privatizações.
O JN também se esqueceu de noticiar que o Quênia passa por profundas
transformações: a classe média sumiu mediante ao crescimento da pobreza em um
país que apresenta os melhores índices de desenvolvimento no Continente
Africano. Bairros pobres da capital Nairóbi atravessam condições semelhantes à
de uma guerra civil. Após o fim da Guerra Fria o Quênia perdeu status de aliado privilegiado, mas ainda mantém bom relacionamento com o Reino Unido e
os Estados Unidos. No caso do rompimento dos dutos, possivelmente, as causas estão enraizadas na exploração estrangeira dos recursos naturais do Quênia, mas o casal global só deu flash para os efeitos, e de certa forma, colocaram a culpa no povo que "saqueava" o combustível que contaminava o solo.
Sobre as guerras produzidas
pela política externa estadunidense então, o casal do JN ainda quer fazer
acreditar nas bombas de destruição em massa de Sadan Hussein, mesmo depois de
assistirmos pela rede de televisão Al Jazeera, o Le Monde Diplomatic e blogs
afins o saque do petróleo iraquiano pós invasão. Quantos civis foram assassinados? Muitos, certamente. E o alvo agora é o petróleo líbio, com a desculpa de salvar civis, enquanto as ruas da Síria são tingidas com o sangue de milhares de civis. Já referente aos muitos ataques de Israel à Faixa de Gaza, em um dos últimos noticiados pelo JN, o Bonner
teve a cara de pau de destacar que o ataque era “ainda em represália ao ataque
terrorista ao ônibus[...].
Sobre o aniversário dos dez
anos do ataque terrorista ao World Trade Center, o casal faltou destacar também
a determinação do povo japonês referente as duas bombas atômicas jogadas pelo
governo americano sobre as cabeças do povo civil das cidades de Hiroshima e de Nagasaki, e que o
presidente americano Barack Obama continua a política externa de guerra de
George Bush, ou seja, se o povo americano deseja que não mais ocorram tragédias
como a de 11 de setembro de 2001, deve exigir que seu governo pare de fabricar
guerras. Até o mais recluso dos eremitas, sabe das propostas que se escondem
por trás dessas guerras.
A questão da ética na
política e a democracia brasileira, por exemplo, nunca foi alvo de necessários
comentários picantes que externassem o sentimento do público. Desaparecidos
políticos da época da ditadura se deduz como tabu no Jornal Nacional. Vez por
outra o casal sorrateiramente deixa escapar um holofote, até encontrar uma
propaganda institucional que atire erário na concessionária Rede Globo de
serviço público. Propagandas que perdem seu importante papel constitucional
educador para se perder no prostituto cenário criado para ludibriar uma massa
carente de leitores e de telespectadores que ainda acreditam que programas na
televisão aberta surgirão em horários acessíveis para agregar conhecimento que
levem ao caminho da dignidade humana plena, e que tragam informações com espaço
para o contraditório.
Para se salvar das
armadilhas mascaradas de verdades apresentadas pelo casal do JN, o qual segue á
risca o que determina a “programação”, deve-se buscar fugir da masmorra do: Não
penso, não existo, apenas assisto a Rede Globo. Reprograme-se. Não deixe a
Globo programar você.
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