Estou
aqui, ouvindo Miss Sarajevo com U2 e o tenor Luciano Pavaroti. Essa balada
surgiu em 1995 (U2 e Brian Eno), pegando os retalhos do cerco a Sarajevo por
tropas da Sérvia, após a declaração de independência da Bósnia, ocorrida em 1
de março de 1992, e o concurso Miss Sarajevo que dá nome a canção. O cerco de
Sarajevo por tropas sérvias é considerado o mais longo a uma cidade na era
moderna. Teve início em 5 de abril de 1992, encerrando em 29 de fevereiro de
1996. O Concurso de Miss, teve a finalidade de trazer os olhos do mundo para os
horrores dessa guerra. Essa canção que pega emprestado o nome do concurso tem
uma musicalidade que ultrapassa as fronteiras das línguas e das religiões. A
mistura da suave voz do Bono Vox, com a trovejante e maravilhosa voz do Luciano
Pavaroti, as instrumentalidades do arranjo, eleva-nos a patamares intangíveis
conscientemente, trazendo quase a libertação do espírito, tamanha leveza que
essa canção consegue produzir, embora com tudo, inspirada na dor.
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O HORROR SARAJEVO |
Coincidentemente,
enquanto ouvia Miss Sarajevo, saltou na tela a informação de que empresa
brasileira está ganhando dinheiro com guerras fabricadas para saquear nações,
vendendo bombas de fragmentação (cluster), lá no rico, porém, miserável Iêmen.
Por segundos desejei que meu espirito alçasse sua libertação, mas seria
covardia com minhas ideias. Tantos horrores para que um número reduzido de
viajantes da Nave Terra tenha dinheiro, poder, petróleo. A guerra civil no Iêmen,
na Síria e a do Líbano, alguém duvida que são fabricadas? Olhe para esses
países no mapa, pense no petróleo e sua logística de transporte, na água que daria
à Líbia produzir e exportar alimento para todo o Continente Africano... e
bingo! Encontrará, não as bombas de destruição em massa que alegavam possuir o agora
destruído Iraque de Sadan Hussein, mas as respostas para tantas guerras, em um
mundo que sobra tecnologias de tradução de línguas e dialetos.
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CIVIS FERIDOS NO IÊMEN |
Segundo o
relatório da Handicap
Internacional, 98%
dasvítimas deixadas pelas bombas de fragmentação são civis. E não é de
agora que bombas fabricadas no Brasil estão matando civis no Iêmen, a bola da
vez na geopolítica do petróleo. O jornal O Globo em dezembro de 2016 noticiou
que bombas de fragmentação produzida no Brasil atingiram as proximidades de
duas escolas na cidade de Saada. O Brasil, não é signatário do Tratado de
Dublin, originado na Convenção
de Oslo, quando cento e onze países manifestaram apoio a proibição de uso,
fabricação, armazenamento e transferência de bombas de fragmentação, a qual
teve laboratório na Alemanha de Hitler, então batizada de Sprengbombe
Dickwandig; a arma foi a primeira bomba “cluster”, ou bomba de dispersão que
causou pânico e terror durante os bombardeios da Luftwaffe, a força aérea do
Terceiro Reich, sobre o Reino Unido na 2ª Guerra Mundial.
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CRIANÇAS - AS PRINCIPAIS VITIMAS |
Alguns vão dizer: O Brasil não pode aderir ao tratado de Dublin. Guerras, dependendo
do ponto de vista, podem ser altamente lucrativas; o país não pode ficar de
fora desse mercado. Se não for o Brasil, serão outros que fabricarão e
venderão. Já outros, creio que a maioria, não aceitam esse mercado da morte, do
saque às nações pós fabricação dos conflitos, pois consideram à perda de vidas
inocentes. As bombas de fragmentação na prática, tem o mesmo poder de
destruição das armas químicas, já que seu fundamento é estilo contêiner, pois a
primeira explosão é a de lançamento, e ao se aproximar do solo, ocorre uma
segunda explosão, a qual é capaz de espalhar “micro bombas” em área próxima de 30.000
m²; as vezes essa segunda explosão não ocorre, tornando seus impactos semelhantes
aos de minas terrestres, artefato proibido em mais de 150 países pelo tratado
de Otawwa (1997), o qual entrou em vigor no Brasil em 1999.
Em
vez de exportar bombas que matam civis, inclusive crianças mundo afora, queria
ver o Brasil exportando esperança, mas até ela anda sumida em nosso país. Dizem
que ela foi abduzida, e só volta quando sentir esperança por dias melhores.